segunda-feira, 31 de maio de 2010

João e Julinha aprendendo a viver

Depois de algum tempo voltou a sair com os amigos, voltou a conversar, voltou a sorrir. Inclusive voltou a procurar alguém; não ainda um novo amor, mas alguém. Julinha não. Julinha havia desistido do amor. Seus amores platônicos fizeram-na sofrer demais, e ela já não tinha esperança. Pensava que nunca iria descobrir o segredo do amor, então não iria mais procurar. Se fosse pra acontecer, o amor é que devia procura-la – e provavelmente a encontraria no fundo de algum buraco, bem escondida, tentando esquecer alguém.

Certa noite ela estava deitada no quintal de sua casa, olhando as estrelas, numa cena deprimente. Olhou de ponta cabeça para o portão e viu que alguns amigos estavam lá. Entre eles estava João. Aquela foi a primeira noite que Julinha gostou de João, principalmente pelas coisas bobas que ele fazia. Era o mesmo sentimento que tinha em relação ao panetone: de tanto que não gostava na infância, acabou aprendendo a gostar na adolescência.

João sinceramente não estava nem aí – ela era apenas mais uma garota, talvez uma possibilidade de flerte, quando ele estivesse disposto a namorar novamente. Então foi embora.

Julinha entrou e voltou aos seus estudos. E noite após noite ela estudava, e planejava, e montava seu futuro. Queria morar fora, queria uma vida nova, queria esquecer alguém. Queria esquecer alguém enquanto fazia planos, e dedicou-se arduamente a fazer planos.

Acontece que planos não dão certo. Bem, podem até dar certo, mas não totalmente do jeito que esperamos. Não conseguimos moldar a nossa vida, pois ela acontece sozinha. Li uma frase que diz que a vida é o que acontece enquanto fazemos planos. E Julinha, depois de tudo, aprendeu que ou se planeja ou se vive.

Pois bem, nada do que ela precisava para morar fora deu certo. Mas mesmo assim ela viajou, era final de ano, estava de férias. Ela viajou bastante. E enquanto viajava recebeu algumas ligações de João, mas apenas por brincadeira, entre amigos. Ele disse que sentia saudades. Julinha acreditou.

Quando voltou, Julinha saiu com os amigos algumas vezes, e nesse grupo de amigos se inclui João. Nesse período descobriu que as coisas estavam por mudar. Iria mudar-se de cidade com a família. Não era para morar sozinha, como queria. Não gostou.

E as mudanças não pararam por aí. Mudou o corte de cabelo, mudou o curso de faculdade, mudou o estilo de vida, mudou o discurso. Mudou o status de relacionamento: João a pediu em namoro.

E foi numa noite bonita, com o céu sem lua, mas muito claro de tantas estrelas que havia. Foi numa noite em que conversavam sobre todos os projetos que deram errado na vida deles. E havia tantos! Dois jovens como eram, pensando em toda a vida que teriam pela frente, e planejando tanto que não duvido que tivessem, cada um, uma lista enorme das próximas 20.000 coisas a se fazer.

Foi numa noite linda. Foi numa noite em que decidiram não projetar, não imaginar, não arquitetar, não ilustrar: decidiram, apenas, viver.

João e Julinha

Ouvi certa história interessante, e vou contar para vocês para que vejam como é divertida a nossa vida... como é imprevisível, e como não temos controle sobre ela. Essa é a história de Julinha e João.

Eles se conheceram numa festa, na casa de um amigo que tinham em comum. Ela não gostava de ir lá, mas para ele era a melhor diversão. Julinha estava lá para conhecer um outro garoto, João não tinha namorada. Nunca tivera uma namorada. Mas ela achava que talvez ele tivesse uma.

Quando chegou na casa, Julinha cumprimentou a todos já com intimidade de anos; gostava de rir e de chamar atenção. Portanto adorou quando, ao receber um “olá” geral, João levantou a cabeça de onde estava e olhou fixamente para ela. Ela também olhou fixamente para ele, mas não conseguiu puxar um bom assunto. Ela teve medo dele, ele pareceu superior.

Naquele dia não trocaram mais que duas ou três frases, mas souberam da existência um do outro. E ela ficou com aquele gostinho de desafio, de querer superá-lo, de querer mostrar para ele que merecia sua atenção. Ele não deu muita bola; sabia que ela estava lá só pelo outro cara. Mas no fundo sentiu algo de especial naquele ser mirabolante, sentiu que ali havia algo a ser descoberto.

Ocorreu que Julinha conheceu o outro garoto, mas não se envolveu com ele. Já João conheceu outras pessoas, passeou, andou pela rua de mãos dadas... João namorou. Namorou por muito tempo, e por todo esse tempo não se encontrou com Julinha.

Julinha teve sua vida agitada, saindo com amigos, estudando como louca; teve seus amores platônicos; não teve namorado. Um dia encontrou-se com João na faculdade, e cumprimentaram-se com um abraço. Naquele abraço o sentimento de desafio ressurgiu, mas ele não tinha nada a ver com ela.

E realmente, ela não pensou mais nele. Nunca seu sono demorou a vir por ela estar pensando nele. E ele muito menos – ele queria construir seu relacionamento. Mas acontece que brigava, brigava demais com a namorada. E muitas vezes não sentiu paz enquanto planejava seu futuro com ela. E num belo dia...

...Num belo dia a briga foi mais feia que o comum. João ficou estupidamente indignado, passou o dia mau humorado, e insultava a todos que via pela frente – inclusive quem não devia (ou devia, e é aí que aparece a graça – aquilo que chamamos ironia do destino). É que Julinha resolveu perguntar a João o que havia acontecido, mas ela gostava de rir. Ela gostava tanto de rir que ria de assuntos sérios, e de brigas e de fins de namoro. João não via graça nessas coisas. Definitivamente, não via graça nenhuma. Botou a coitada da Julinha pra correr.

Julinha era orgulhosa, e não falou mais com João. Mas havia outra coisa que Julinha era: uma boa conselheira. Várias e várias vezes quis conversar com ele para mostrar o que ele deveria fazer para voltar com a namorada. Ela queria mesmo ajudar! A única coisa que a impediu foi lembrar do sermão que levou, o que a deixava de sangue quente. E pensava “é o que ele merece mesmo, aquele grosso”.

João ficou mal por alguns dias. Mas João também era conselheiro, o conselheiro do grupo. Logo, não teve ninguém que o aconselhasse! E assim, sua decisão final foi terminar toda e qualquer coisa que pudesse haver acontecido entre ele e a namorada (agora, ex-namorada).

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mais uma borboleta

Vá borboleta,
vá voando lentamente em meio ao meu jardim
pouse nas minhas flores, beba-lhes o néctar
atravesse os ramos, beije as pétalas
paralise, dobre as asas para cima,
olhe fixamente para mim, então voe novamente em minha direção
você nao vê que eu tenho medo?
você voa e depois volta,
mas quem pode me dizer que sempre será assim?
você pousa em meus cabelos, e conhece a música que estou cantando
você ouve meus pensamentos
mas você pode ouvir?
você lê minha mente
mas você está pronta para isso?
tantas e tantas coisas tenho guardado para mim, e você
você voa tão rápido, e se aproxima tão depressa
estranho seria se eu não tentasse me guardar
voe borboleta,
perceba os meus medos,
mas não deixe que isso segure você
voe borboleta, voe por aí
mas não voe alto demais,
nem longe demais,
que eu tenho medo de não mais te ver
dê a volta em todo o jardim
e depois venha pousar em meu dedo

terça-feira, 11 de maio de 2010

Como lhe falar

Penso que todos os românticos incorrigíveis, quando principiam um novo amor, querem dar à pessoa amada o sol, as noites de luar, os dias floridos da primavera
Mesmo eu já te prometi as estrelas...
Mas se pudesse dar-te o sussurro das folhas quando a brisa sopra, ou o singelo ruído das flores se abrindo, também daria. Porém é claro que não me incluo no rol dos românticos incorrigíveis. Apenas falo sobre coisas que podem ser eternamente úteis a quem eu amo.
Pois então, como todos querem dar à pessoa amada tudo o que existe não só na Terra, como também no céu, e até mesmo no universo, já não vejo originalidade em prometer-te...
Penso em escrever coisas belas mas tudo já foi escrito
E me tiraram as palavras da boca, e os sentimentos de dentro do coração, para escrever tudo aquilo. Sei disso porque quando leio, a mim parece que o remetente sou eu e o destinatário é você... E mesmo os poetas medievais, e poetas de tempos remotos, já sabiam do sentimento que eu teria por você
E até mesmo quando estavam sendo criados os casais de pombas rolinhas, a inspiração veio do carinho e cuidado que eu teria para contigo
É por isso que digo que em tudo que eu disser ou fizer, sinto que não haverá originalidade, entretanto sinto que mereces tanto isso...
Pois o modo como me olha, o modo como sorri, o modo como morde os lábios depois de comer (chocolate), ou aquela expressão que me fez rir, tudo isso é tão único...
Ah, pessoa amada... preciso de muito mais originalidade para lhe falar como cativas todo o meu amor

fogo

  sinto que você me leva para outro mundo uma outra dimensão não consigo segurar firme meus pés no chão tento não alimentar