i refuse to be just a mother
eu recuso a ser só "uma mãe"
eu refuto essa ideia de que sou só uma mãe
Aliás... "só uma mãe" não existe, porque pra ser mãe você tem que se tornar super forte
Mas parece que quando falo que tenho 2 filhos pequenos, sou uma coitada. Não tem nada a ver isso, na verdade isso está ligado com um pensamento antigo sobre o que é ter filhos.
Que é tipo você se matar, se anular totalmente só pelos filhos. Por exemplo, eu passei hoje uma canseira danada ao acordar - o pai das crianças saiu às 8 para trabalhar nas eleições para prefeito - era hoje o dia da votação. Ele já vem nesse ritmo ha dois meses, desde que nasceu o mais novo.
Eu fiquei em casa com os dois, e estava chovendo. Minha vontade era ficar deitada. O de 2 anos queria acordar, levantar, brincar. Eu sinto que preciso estar com ele o tempo todo e tornando o dia dele especial.
Levantei, mas logo já eram 10 horas e iríamos almoçar na casa dos meus pais. Dei banho nos dois, cansei. O pequeno chorou, cansei do choro. O mais velho sujou a fralda justo depois do banho, ok, cansei para limpa-lo novamente. O bebê começou a chorar e eu nem tinha me vestido ainda. Amamentei o pequeno. Arrumei algumas coisas da casa. O mais velho ficou vendo TV. coloquei minha roupa e fomos para a minha mãe. Lá ficamos até as 18 horas na função - dar almoço, colocar para dormir novamente, etc.
Levei o computador para fazer algumas provas atrasadas da faculdade à distância. Minha mãe brincou e deu comida para o mais velho enquanto eu fazia. Mas não consegui terminar.
Cheguei em casa às 22:30 e o pai das crianças já estava. Claro: passei a bola para ele, que deu banho nos meninos e os colocou para dormir. O pequeno veio mamar duas vezes.
Arrumei algumas coisas da casa.
E aí peguei o computador e fui estudar, ler, pesquisar, mexer, conversar, fazer prova, fofocar, que seja. Fui viver para mim. Agora são 5:50 da manhã. Estou escrevendo para mim. Estou vivendo para mim.
Eu não sou só uma mãe, eu estou vivendo para mim. As mulheres que enxergam a coitada, provavelmente não tiveram alguém para passar a bola. Não cobraram do marido ajuda, não recorreram às irmãs, aos pais, a algum amigo. Provavelmente não tinham. Citei "ajuda"do marido porque a mãe FAz sim tudo mais do que o pai. Isso de que as tarefas são dividias por igual é ideológico, psicológico sei lá, mas não é realidade porque o cara simplesmente não se liga. Nem que ele faça, mas quem tem que pensar é você. Exemplo: ele pode estender a roupa, mas quem vai pedir para estender é você. Ele vai dar banho nos moleques, mas quem vai dizer a hora, pegar o pijama, organizar tudo, é você.
É um baita sacão, e eu estava muito cansada, mas por alguma força e conversas estimulantes consegui me manter acordada para viver para mim. Durante o dia hoje estarei cansada. Mas pelo menos me revitalizei como ser humano próprio, e não apenas uma Mãe.
nÃO É "apenas"no sentido de ser muito pouco. Apanas no sentido de ser unicamente aquilo. Porque o trabalho da mãe é foda e é árduo, exige dedicação exclusiva, integral, 24/7. Mas aí a pessoa perde sua essência, não é mais ela mesma.
Eu me recuso. Quero ser ótima para os meus filhos, mas não quero ser unicamente isso. Não quero falhar com meus filhos, mas quero me olhar no espelho e me admirar.
Fisicamente eu me abandonei nesses tempos. Não estou me alongando, nem fazendo caminhadas. Não estou prestando atenção. Também estou pesada e não estou comendo direito.
Mas não tem como fazer tudo ao mesmo tempo. O importante é que eu tenho vontade de retomar meu físico. Planos para isso.
Eu sonho, eu tenho metas. Eu não aceito me esmaecer. Só temporariamente, porque não há tempo para fazer tudo.
Vou voltar ao estudo.
