Ana Melina

Cabelos de cânhamo

Favos de mel

Olhos de natureza

Azuis como o céu

Ana Melina

Aprendeu

A tecer fibra

Pro chapéu

E a neblina        

                               

Que envolveu

A menina

É do bom

Ah o eterno mercador de ilusões

Ah o eterno mercador de ilusões

Donde naufragar-se torna-te o rei

De uma terra mais verde e menos fumegante

A prover-te o refúgio longevo e pacífico

Antagônico

Correnteza que segue contramão

Lúcida, límpida

Natural

Rugosa, musgosa, fresca

Como pássaros que fogem das queimadas

Como veados que fogem das queimadas

Como onças que fogem das queimadas

Mas chegam a morrer na tua mão

Para prover o alimento que

Te sacia quando a fome vem

Uma, ou duas, ou três vezes no mês

Que já não existe mais ao correr do tempo que é agora

Ah o mercador, o mercador que te vendeu

Para comprar algo que não sabia fabricar

E fazia o mundo girar, girar, girar

Na velocidade que todos queriam

É bom

É bonito

É rápido

É pop, é tech, é meu, eu gosto, eu posso comprar, mas não sei fazer, como foi mesmo que chegou?

Atenção, atenção, está na promoção:

- o Autêntico Churrasco Gaúcho

- o autêntico nativo amazônico

- o autêntico minério de ferro

- o autêntico Nescau de alumínio

- as toneladas de bauxita do mês

- O pau brasil dos portugueses, dos espanhóis e dos ingleses, e se puder, dos franceses

É terra pra mais de metro

Que cavaste

Vendeste

Plugaste

Carregaste

Digitaste, Logaste-te, Postaste, Curtiste e Compartilhaste

Comendo um bolo de banana com cobertura de Leite de Soja.

Descansa agora

Meditando, cultivando

No teu quintal a tua própria parreira, delicia-te com o teu vinho, Tinto,

Nada com a corrente, mergulha, abre os olhos vívidos sob o Sol

O mundo não vai acabar hoje

E é gostoso se mastigado lentamente