quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

should i stay or should i go?

renascer, continuar, seguir, mudar

memórias afetivas de quando os pais lhe davam as mãos

e passeavam juntos entre os eucaliptos

inalando aquele cheiro bom

choveu

o perfume paira forte no ar

o grito, o amor, o erro, o perdão

o grito, o amor, o erro, o perdão

presos na situação

não se pode sair de casa

mas tudo já passou, olhando desde o futuro

passou até rápido demais

tudo que quero, eu consigo, no futuro

talvez nem seja preciso querer tanto

memórias aflitivas

injeção, espero do ano e não da demolição

espero do ano e não da população

espero do ano, uma grande besteira, utopia, mas não espero que criem noção

programar DESPERTADOR

acordar, abrir os olhos, cair a ficha, entender, calar pra refletir, amadurecer

modo soneca

1 ano

5 anos

modo soneca

a mudança irá chegar, chegará, no futuro

as pessoas irão abraçar, novamente, no futuro

irão comer, e passear, novamente, hoje é futuro, tudo já passou

irão viver em paz, transformados

não há mais grito, só amor. não há mais erro, só perdão. hoje, nesse futuro

que não chega

que não chegou


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

mudança (do diário virtual)

 talvez as artes sejam uma forma de a pessoa expressar o que sente por dentro

eu sou triste?

ou então colocar pra fora para não sentir por dentro

me faço feliz?


o bom seria colocar para fora coisas felizes sendo feliz e fazendo outros felizes

muito bom. vou tentar

vou tentar


eu nao sou mais tão melancólica

que bom

mas às vezes sou


viva minha vitória!

as cidades na cidade a Deus dará


A cidade que conheço

e A cidade que conheci

é e não é, ao mesmo tempo

são duas verdades aqui


Bubas São

Sebastião 

A descida 

Do Jupira

Porto Belo, bem no meio

Vila Batalha - Morumbi 


E o portal

E as mulheres

Que sofreram, que chamaram

Foi também na Vila A

Rodoviária, Conjunto Libra


Mas outras realidades,

Das crianças, coração 

A favela da Sadia

E o Jardim Canadá


e no monsenhor guilherme

onde existem 

zumbis

olhos abertos, estalados

corre ganha, aqui e ali


Eu sozinha, em minha cama

Depois de viver toda a vida 

As janelas estão trancadas

Ninguém lembra mais de mim 


Eu embalo meu bebê 

Apertando em desespero

só Tentando afagar

O que lembro, em meu peito 


O pedreiro, o martelo

Ela que me chamou de anjo

Onde está? Que aconteceu?

Desde que ele te bateu


Eu queria esquecer

A cidade que existe

Ocultada, escondida

Mas que dói e que é triste 


Quero crer na alegria

no passeio, todo dia

Mas já vi, já sei, não dá, 

só finjo, não penso, Deus dará

Solitude (O Campo das Ideias)

O campo das ideias

O campo das ideias

Eu estou sozinha 

No campo das ideias


a cozinha deve ser decorada

fora do campo das ideias

a fralda deve ser trocada

fora do campo das ideias


o homem deve ser respeitado

fora do campo das ideias


o campo das ideias

o campo das ideias

me deixe sozinha

no campo das ideias


o marido é mais genial

fora do campo das ideias

o corpo deve estar magro

fora do campo das ideias


o tempo corre depressa

fora do campo das ideias

há lombadas e semáforos

fora do campo das ideias


eu mergulho a cabeça fria

para dentro do campo das ideias

eu fecho a cortina

dentro do campo das ideias


eu sou maior

dentro do campo das ideias

ele me deixa menor

fora do campo das ideias



fogo

  sinto que você me leva para outro mundo uma outra dimensão não consigo segurar firme meus pés no chão tento não alimentar